domingo, 26 de julho de 2009

Um dia de Medo

Era pra ser uma ida rápida à rua da pirataria, mas se transformou no meu pior pesadelo, um dos piores dias da minha vida.

A missão era simples: buscar uns cabos pro meu computador na Rua Santa Efigênia, mas o que era pra ser um simples passeio se transformou numa Epopéia de dar inveja a qualquer Homero. O caminho original, saindo da minha casa na zona sul, até o destino no centro, é bastante simples, como vocês podem ver na figura abaixo:



Praticamente uma linha reta!

Atravessar a Vinte e Três de Maio e chegar ate a Consolação foi bem simples, afinal, é o meu caminho “da roça”.
O meu problema, na verdade, sempre foi atravessar a Amaral Gurgel e cruzar a São João ou a Rio Branco. Não sei por qual motivo, razão ou circunstância, eu sempre me perco quando tenho que chegar a algum desses lugares. Aquelas bifurcações, canteiros centrais, inúmeros semáforos, me fazem ficar confusa.

Primeiro objetivo: atravessar a Amaral Gurgel até a Rio Branco. Dali seria fácil chegar a Sta. Efigenia, dissera um mecânico para o qual eu já havia pedido informações antes de me perder. Acho que no fundo eu já estava prevendo...
Passei a Amaral Gurgel, mas não me pergunte como, fui acabar no Vale do Anhangabaú.

Parei num posto. O frentista, muito gentilmente, me explicou o caminho até meu destino desejado. Achando que percorria o caminho certo, depois de alguns minutos me deparei com a Estação da Luz. Surpresa! Tudo bem, a região ainda é central, devo estar perto, pensei calmamente.

Sabe, eu tenho uma teoria: Em caso de erro de itinerário, ou perda de direção, mantenha a calma e siga sempre em frente. Logo haverá algum retorno ou placa indicando uma avenida conhecida.

Segui em frente a partir da Estação da Luz conforme minha teoria. Não sei como, mas juro que “caí” bem diante do Estádio da Portuguesa. Espantei-me...

Segui em frente e percebi que estava cruzando a Avenida Armênia. Juro que vi uma placa escrito Av. Armenia... Segui em frente – sempre! – e caí numa avenida cujo nome eu não me lembro, mas o trânsito estava infernal. A avenida era estreita e vários barracos a margeavam. Início de pânico.

O trânsito não andava, eu estava completamente encurralada, e o pior, sem saber AONDE! Nesse momento, minha imaginação começou a trabalhar e minha mente psicótica entrou em ação. Como já fui vítima de assalto a mão armada (dentro do carro) e quase sequestrada, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: "Pronto, vou ser assaltada". É uma nóia estúpida, mas eu pensei nisso...

Durante minha estadia dentro do meu carro, sem poder sair e obrigada a conviver com a minha estupidez, começei a me xingar e a me perguntar porque, afinal, não tinha ido ao centro de ônibus. Muito mais rápido, fácil e seguro. Mas, nããão, vamos de carro, afinal conforto é tudo...pfff. Naquele momento eu estava me odiando ao cubo.

Bom, depois do trânsito infernal e de permanecer naquela avenida hor-ro-ro-sa (como diria o velho Clô), desisti da minha teoria e peguei a primeira saída à esquerda.

Juro que a vinte e cinco de março parecia praia em dia de chuva perto daquele lugar. A placa dizia Lago da Concórdia, mas no momento o bairro do Brás não me veio à cabeça. Percorri umas ruazinhas com a maior concentração de orientais por metro quadrado (se não me engano, Koreanos). O bairro da Saúde, onde morei, perde feio para a quantidade de orientais no Brás...e olha que morei na Saúde por uns 11 anos, então, tenho conhecimento sobre o que estou dizendo.

Bom, a esta altura eu já estava em prantos. Minha cabeça não queria funcionar e pra piorar começei a fazer barbeiragens no trânsito. Inicio de chororô.

Mais alguns metros rodados e avistei uma placa indicando a Avenida do Gasômetro. Passei no meio do que pareciam ser fabricas antigas, já desativas. Vocês já devem imaginar a quantidade de palavroês que eu falava nessa hora. Gastei todo o meu repertório.

Surge um viaduto. Não tive opção, senão subí-lo. Avisto o Shopping do Senhor, digo, aquela igreja monstruosa que tem o arco-íris como emblema.

Radial Leste. Enfim, uma avenida conhecida! Porém, não estava no sentido certo, lógico. Tive que fazer uma conversão perigosa. Foi o único jeito. Parei num posto. O frentista me aconselhou a ler as placas. Eu disse, educadamente, que sabia ler, mas que não tinha avistado até aquele ponto nenhuma placa indicando a Zona Sul. Ele percebeu meu descontetamento em relação ao seu comentário e me mostrou o caminho que deveria fazer à partir de então.

Avisto a Placa Elevado | Vinte e Tres de Maio | Zona Sul. Alegria! Chorava de felicidade. Alívio, mas somente por alguns instantes. Eu estava na faixa errada e se não agisse rápido iria novamente passar a entrada para a vinte e três. De maneira alguma poderia deixar aquilo acontecer e, espontaneamente, cortei uns cinco carros , umas duas motos e uma kombi, para entrar na faixa correta. Suava em bicas.

Cheguei ao Elevado, mas ainda tive que pegar um pedaço da Consolação e retornar ao lado correto para pegar o sentido do aeroporto de Congonhas.

Agora que minha adrenalina tinha baixado, fui invadida por uma raiva descomunal (raiva de mim mesma) e uma dor de barriga insuportável.
Me senti uma incompetente (me senti, não, eu sou) me odiei por não ter conseguido chegar ao centro de São Paulo, cidade onde nasci!! Vê se pode...

Toda historia sempre tem um lado bom. Estou tentando achar o da minha até agora. A única lição que aprendi foi que, por mais incrível que pareça, as vezes é mais fácil e seguro fazer alguns trajetos de ônibus. Principalmente quando não sabemos o caminho.
Moral da minha história: dirigir de ressaca – sim, eu estava de ressaca! – e ainda por cima perdida, não é legal.
Abaixo, olhem como ficou mais ou menos a minha rota final:





Ps: Homens, por favor, nada de piadinhas sobre meu senso de direção, ok? =D
Ps2: Parece o relato de uma patricinha perdida em uma área selvagem, né? Não ta muito longe disso, não...
Ps3: Eu conheço São Paulo mais do que você imagina, ok?

Um comentário:

  1. Um dia de mta aventura hein!
    Lado positivo: Agora vc conhece mais São Paulo.. ou não.
    hahaha Ri mto Pri!

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